Olá amig@s da Biologia!! 2011 é o
Ano Internacional das Florestas decretado pela ONU, como uma forma de gerar uma
reflexão global sobre a forma de utilizarmos nossos recursos e explorarmos
essas fontes de biodiversidade. Acredito
que a percepção da maior parte de nós é que este cenário não é nada animador, basta
pararmos um pouco e analisarmos o desmatamento em prol do agronegócio e da
extração de madeira ilegal na Amazônia, a devastação e desertificação da nossa
caatinga e da mata atlântica e a conseqüente perda de habitats para muitas
espécies para chegarmos a esta conclusão.
Pra completar o quadro digno de
uma pintura de Bruegel (isso mesmo, aquele que pintou Triunfo
da morte que
retrata a peste bubônica na Europa), ainda
temos em votação no Senado “O Novo Código Florestal” proposto pelo Deputado
Federal de São Paulo Aldo Rebelo, já aprovado pela Câmara dos Deputados. Segundo
ele, o Código vigente está desatualizado, já que a última mudança foi feita em
1965 e por ser considerado “demasiadamente rígido” dificulta seu cumprimento e
prejudica o pequeno produtor agrícola. Nesse contexto fica a minha pergunta: realmente
é mais vantajoso afrouxar a legislação ao invés de fortalecer os órgãos de
fiscalização?
Ai, a
fiscalização! Como seria bom se ela de fato acontecesse! Uma das mudanças propostas
pelo relator seria descentralizar a fiscalização e autorização para supressão da
vegetação nativa para órgãos estaduais e municipais credenciados ao SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente.
Nesse momento, me vem à cabeça mais algumas perguntas: a descentralização da
fiscalização para escala estadual e municipal seria eficiente? Como ocorreria
esse processo visto que cada estado criaria “seu modelo” de fiscalização, de
acordo com seus interesses? Será que essa fiscalização seria justa e imparcial,
visto que uma grande parcela dos gestores tem alguma ligação com o agronegócio?
São muitas perguntas e ainda poucas respostas!
“Art. 8º A supressão de vegetação em Área de
Preservação Permanente poderá ser autorizada pelo órgão ambiental estadual
integrante do SISNAMA em caso de utilidade pública, de interesse social ou de
baixo impacto, devidamente caracterizados e motivados em procedimento
administrativo próprio.”
Obviamente este é um assunto
complexo, com muitos interessados (e interesseiros), que requer muita discussão
e não é meu objetivo fazer uma análise técnica do “Novo código”, até porque não
tenho qualificação para isso, mas eis aqui apenas algumas das principais
alterações propostas:
- Anistia da dívida aos
desmatamentos anteriores a 2008;
- Diminuição da largura de mata
ciliar preservada;
- Parâmetros para medição da área
de proteção baseados nos períodos de estiagem dos rios e não mais de cheias;
- Ausência de Reserva Legal para
pequenas propriedades;
- Inclusão das Áreas de Proteção
Permanente na Reserva Legal, quando existirem;
- 50% da Reserva utilizada para
introdução de espécies exóticas.
Como mencionei anteriormente,
estas são apenas ALGUMAS, das MUITAS modificações propostas.
Muitos estudos apontam que o Código vigente
(1965), mesmo sendo considerado “muito duro” pela bancada ruralista, não supre
as demandas necessárias para sustentar a biodiversidade, o que implica dizer
que se alguma alteração fosse realizada deveria ser no intuito de aumentar a
proteção à biodiversidade e não diminuí-la. A briga com os “cachorros grandes”
estaria comprada! Alguém se habilita?
“...A partir desse conjunto de dados, que devem
representar situações encontradas em outras regiões da Amazônia, os autores
sugerem que as APP ao longo de rios deveriam manter pelo menos 200 m de área
florestada de cada lado do rio para que haja uma plena conservação da
biodiversidade. A manutenção de corredores de 60 m (30 m de cada lado do rio),
conforme a legislação atual, resultaria na conservação de apenas 60% das
espécies.” Jean Paul Metzger,
Natureza & Conservação 8(1):1-5, 2010
Ao analisarmos o Artigo 1° do “ainda
Código”, podemos observar que as florestas são bens comuns aos brasileiros e
que o direito à propriedade precede limitações como a manutenção da Reserva
Legal (RL) e das Áreas de Proteção Permanente (APP) e principalmente ao uso sustentável
dos recursos, detalhados nos parágrafos posteriores. Certamente a legislação
está sendo infringida!
“Artigo 1º – As florestas
existentes no território nacional e as demais formas de vegetação, reconhecidas
de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os
habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade, com as limitações
que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem.”
E eu com isso? O que nós, biólogos, ecólogos, estudantes,
trabalhadores, desempregados, cidadãos, temos com isso? O discurso pode até
parecer romântico momentaneamente. Nosso patrimônio está sendo devastado,
comercializado e com ele a nossa qualidade de vida e as fontes de recursos que
irão supri-la e me deparo com gente que ainda pergunta: E EU COM ISSO?
Para finalizar, deixo uma ultima pergunta:
Será que estamos caminhando na direção correta?
SEM MAIS!
Larissa Azevêdo de Medeiros
Bióloga – UFRN
Vice-Presidente do Centro Acadêmico de Ciências Biológicas
CONVIDAMOS TODOS OS ALUNOS A PARTICIPAR DE UMA DISCUSSÃO
SOBRE ESTE TEMA, TERÇA-FEIRA ÀS 18H NO CA.
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